terça-feira, 25 de setembro de 2012

Hoje

Hoje perdi um amigo: um gatinho, lindo, preto e branco de uma forma muito especial, como se tivesse vestido um smoking: chamava-lhe Rico por causa disso. Nasceu aqui no parque, conheci-o desde pequenino, dava-lhe comida e bebida, e o que ele mais gostava: carinho. Deitava-se no meu colo apesar de ser bravo e ronronava quando lhe fazia festas. Não era o "meu gato", mas de certa forma também era meu. Mas também era gato, e os gatos não foram feitos para estarem parados: assim que cresceu desapareceu da minha rua, voltando ocasionalmente quando a fome era muita ou ficava ferido em alguma luta. Durante seis anos nunca se esqueceu de mim: saltava-me para o colo sempre que me via. Há uns meses atrás apareceu para ficar de vez, doente e magrinho. Hoje acordei bem cedo com ele a miar junto à minha janela. Saí, dei-lhe comida e bebida, que ele prontamente recusou. Miou até eu lhe fazer festas, e depois de uns alguns segundos foi-se embora pelo parque, velhinho de mais para os poucos seis anos que tinha. Já não voltou mais, e senti no meu ser que esta tinha sido a despedida. Não o vi morrer, mas sei que assim foi. Os gatos são simpáticos, pressentem a morte e desaparecem para um sítio confortável para que não os tenhamos que os ver partir. Vou sentir a falta do Rico, um gatito que apesar de ser meu, nunca o chegou a ser.

Sem comentários:

Enviar um comentário